quarta-feira, 2 de maio de 2007

Solares de Resende

SOLARES DE RESENDE
O Concelho de Resende apresenta um conjunto de Solares e Brasões com um riquíssimo património arquitectónico.

Casa do Carujeiro

CASA DO CARUJEIRO
A Casa do Carujeiro fica situada na aldeia de Miomães, no meio de uma Quinta de grande extensão, sendo esta rodeada por outras quintas de importância para a região.
O nome Carujeiro é proveniente do substantivo “Carujo” que significa orvalho, nevoeiro. No entanto, é também habitual ouvir-se dizer que “habitam lá corujas”.
Esta foi mandada construir à alguns séculos atrás, por Columbano Pinto do Couto que segundo dizem, foi vice-rei da Índia durante o século XVI. Foram mais tarde habitantes desta casa, Simão da Costa Coutinho e sua filha D. Maria da Costa Coutinho, no século XVII. Viveu ainda nesta casa D. Anastácia Augusta Pinto Machado. Actualmente é propriedade do Dr. António Maria Pinheiro Torres, que reside na cidade do Porto.
A Casa do Carujeiro possui um brasão artístico com as armas do fundador, que se pode encontrar por cima de um portão heráldico e armoriado, que data dos princípios do século XVIII, com as armas dos Pintos e Coutos.
No seu interior, podem ver-se um claustro com uma colunata, e várias salas sendo uma destas de enorme beleza que se destaca pelo seu tecto construído em madeira antiga. Podemos ainda admirar no seu interior um belíssimo relógio de sol.
Dada a sua beleza e riqueza esta casa passou a ser aproveitada com o objectivo de promover o turismo rural, nesta região.

Casa de Vila Pouca




CASA DE VILA POUCA
Muito próximo da vila de Resende, fazendo confrontação com as quintas do Sais e do Paço, em lugar bastante descampado, situa-se um dos mais belos solares da freguesia de Resende, do século XVIII, a “Casa de Vila Pouca”.
Possivelmente no mesmo local existiu um solar medieval.
É constituída por quatro alas ou pavilhões, com pátio interior à maneira de claustro, amplo terreiro com jardim, uma entrada luxuosa para o salão nobre, com escada dupla e balaustrada. Por cima de uma outra porta do solar, mais central, encontramos o brasão de armas da família.
Anexa à casa, existe uma capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, com uma riquíssima frontaria com estilo barroco.
A casa e a quinta de Vila Pouca, que no passado foi pertença da família Borges Botelho, depois dos Teixeiras Pintos, é actualmente da senhora D. Maria Helena Osório de Castro Teixeira de Magalhães. Parece ter esta casa, tantas janelas e portas, tantos, quantos os dias do ano.

Casa do Sais

CASA DO SAIS
Trata-se de um solar do século XVIII, onde actualmente se encontra instalado o Seminário Menor da Diocese. Foi seu proprietário, o barão de Fornelos.
O brasão de armas do barão encontra-se instalado num portão de ferro com data de 1855, recuperado e mudado de lugar pela direcção do Seminário, na entrada do pátio interior do mesmo Seminário.
Anteriormente a Casa do Sais fora da família Leite e Vasconcelos e possivelmente construída por volta de 1786.
Era descendente desta casa, pelo lado da mãe, o arqueólogo e etnólogo, nascido na Ucanha, Prof. Leite de Vasconcelos.
As filhas do barão de Fornelos, D. Maria José e D. Virgínia Amália Pereira dos Santos, mandaram construir em 1874, uma capela em honra de Nossa Senhora de Lourdes, a primeira com esse nome que se erigiu em Portugal, razão pela qual, a padroeira do Seminário é ainda hoje Nossa Senhora de Lourdes.
Em 1928, a diocese comprou o edifício e nele instalou o Seminário Menor.
Actualmente o Seminário Menor de Resende alberga apenas os alunos do 3º ciclo e ensino secundário, com a abrigatoriedade de frequentarem o Externato D. Afonso Henriques.

Casa Soenga

CASA DA SOENGA
A casa da Soenga situa-se na freguesia de S. Martinho de Mouros, concelho de Resende.
Martin Vaz, foi ao que tudo indica, o seu primeiro proprietário no início do século XVI.
Depois de ter sido muito danificado com o terramoto de 1755, em 1779, D. Joaquim de Carvalho Cabral de Azevedo Cardoso e Meneses mandou-o reconstruir e ampliar, um pouco mais ao lado, com traçado completamente diferente do anterior. Este solar é considerado por muitos o mais grandioso da Beira Alta.
Existem dados que afirmam que no mesmo local onde hoje se encontra este solar, existiu outro no século XVI que teria sido muito danificado com o terramoto de 1755.
O solar e a quinta continuam na posse da família dos Azevedos Coutinhos, pertencendo actualmente a D. Maria Teresa Botelho Lobo Alves Pinto de Castello Branco, que mora em Oeiras.
Este solar é constituído por duas grandes alas, um amplo terreiro, lindíssimo jardim e capela privativa dedicada a Nossa Senhora do Desterro. No lugar onde hoje se encontra o lago, foi no passado uma cavalariça.
No meio da ala principal, que apresenta nos seus extremos dois grandes chalés em plano superior que parecem torreões, existe uma pequena escadaria de acesso à entrada principal do edifício, encimada pelo brasão de armas da família, com os Azevedos, Borges, Coelhos e Cardosos.
Situados a norte da ala principal, encontramos os jardins em dois patamares, ornamentados com estátuas, representando figuras da mitologia romana. Estes e o solar foram classificados, imóveis de interesse público, por decreto de 29 de Setembro de 1977.
O solar encontra-se dividido em grandes salões. Um merece atenção especial, a biblioteca dado o número de obras que apresenta, 6 mil volumes, que a caracterizam, como a maior e melhor do concelho de Resende e uma das melhores de toda a região.
A Casa da Soenga está enquadrada numa grande quinta, com vista panorâmica por excelência, tem um grande parque, com árvores exóticas e de grande porte e com lago ao centro.
No salão nobre, encontram-se expostos inúmeros retratos de grandes dimensões, pintados a óleo, de todos os descendentes da casa.

Casa de Rendufe

CASA DE RENDUFE
A casa e a quinta de Rendufe situam-se na freguesia de Resende.
Trata-se de uma casa com arquitectura pouco comum na nossa região.
Pertenceu, a casa e a quinta de Rendufe à ilustre família dos Barbedos.
O primeiro que ali viveu foi João Barbedo Vieira, conservando-se a casa na posse da mesma família até aos nossos dias.
No século passado morava ali Manuel de Sequeira Barbedo, que foi o primeiro Visconde de Rendufe. Foi este que o mandou reconstruir e ampliar na direcção da Estrada Nacional, com a arquitectura que hoje apresenta. Foi também este senhor, administrador do concelho de Resende.
Um filho do Visconde vendeu a casa e a quinta a sua tia D. Ana Augusta de Barbedo, casada com o Dr. Manuel Pereira Dias.
De seguida pertenceu a uma filha do casal, D. Ana Lucinda Barbedo Pereira Dias, casada com o Dr. Albano Leite Ribeiro de Magalhães.
Actualmente, a casa é pertença de um neto do casal, Eng. Manuel Albano Pereira Dias de Magalhães.
Nesta casa nasceram grandes vultos da vida nacional.
A casa possui capela própria, amplo jardim e um bonito lago.

Casa do Espírito Santo

CASA DO ESPÍRITO SANTO
A Casa do Espírito Santo encontra-se situada junto da estrada e próxima da igreja matriz da freguesia de Miomães.
Trata-se de uma casa muito antiga, mal tratada e com capela própria. Foi mandada construir em 1676, pelo Capitão António Pereira Pinto que foi governador da ilha de Amboíno, no Extremo Oriente.
A capela parece ter sido mandada construir pelo referido capitão em cumprimento de uma promessa feita ao Divino Espírito Santo, quando se viu perdido numa grande tempestade no alto mar, na sua viagem de regresso a Portugal.
Na fachada da capela com estrutura muito estranha, pode ver-se a data de construção e brasão de armas dos Pachecos, Pereiras e Pintos.
O capitão Pereira Pinto doou à igreja, algumas propriedades suas, com a obrigação de celebração de duas missas semanais.

Casa de Porto de Rei

CASA DE PORTO DE REI
Na freguesia de S. João de Fontoura, junto ao rio Douro, zona de encostas e socalcos podemos encontrar um dos mais belos palácios do concelho de Resende, talvez mandado construir no século XVI, por Luís de Oliveira. Estamos a falar da “Casa Grande de Porto de Rei”, também chamada “Casa Grande”.
D. Maria Clara de Carvalho e Abreu, proprietária da Casa de Porto de Rei, no século XVIII e seu irmão, José Carvalho e Abreu que foi Chanceler da Índia, mandaram-na reconstruir e ampliar, fazendo dois torreões de grande beleza.
D. José de Carvalho e Abreu foi sepultado quando morreu, em 1743, na capela do palácio, num túmulo de mármore.
Palácio de grandes dimensões. É constituído por rés-do-chão e andar nobre. Do lado poente a capela de S. António, benzida em 29 de Março de 1746 pelo Bispo de Lamego, D. Frei Feliciano de Nossa Senhora. Esta capela é uma reconstrução da anterior que já devia existir no século XVI, mais pobre e tudo leva a crer noutro local.
Na fachada frontal, do lado poente, está o brasão de armas dos antigos solares, com os Macedos, Melos, Carvalhos e Abreus.
No interior do palácio existem diversos salões, com tectos riquíssimos de madeira de castanho, formando variadas figuras geométricas e uma grandiosa cozinha com descomunal chaminé, toda em pedra.
Parte da casa do lado poente pertence hoje ao Dr. João Afonso de Melo Miranda Mendes que procedeu recentemente a grandes reparações.
A quinta, que pertenceu a D. Madalena Macedo, está hoje na posse de várias pessoas estranhas à família, bem como a parte do palácio voltado a nordeste.
Dada a construção do cais de Porto de Rei, este solar pode ser um polo de atracção turístico para todo o Concelho de Resende. Dizem que o palácio tem tantas janelas quantos os dias do ano. Diz a lenda que era neste solar que D. Afonso Henriques se hospedava quando vinha a Cárquere, por ser Porto de Rei um lugar de desembarque.

Casa da Torre

CASA DA TORRE
A Casa da Torre encontra-se situada na freguesia de Anreade, é dos solares mais bonitos e bem situados de todo o concelho de Resende.
Está localizado no meio de uma grande quinta com vista panorâmica para o rio Douro.
Tem uma capela particular com um riquíssimo oratório, de dourado barroco, em estado de conservação impecável. O oratório pertenceu ao antigo Convento da Avé Maria, no Porto, onde hoje se encontra a Estação de S. Bento.
Na porta principal, está a data de 1800. Estamos a falar no edifício recente, antes deste, existiu outro antigo, que estava implantado mais à frente, onde agora se vê um campo de ténis. O anterior terá sido destruído por um grande incêndio que ali se deu.
O solar está muito bem cuidado e mobilado, pertence actualmente ao casal Dr. Rui de Oliveira e Dra. Maria José da Fonseca Correia Teles, médicos na cidade do Porto.
O brasão em tapeçaria bordada, que está na entrada principal, mostra as armas dos Correias e Sás, da Casa da Portela, em Tendais.
Este brasão deve ter vindo para esta casa com algum membro da referida família que ali casou, já que o verdadeiro brasão da Casa da Torre era dos Pintos Machados, a cuja linhagem sempre pertenceu.
O verdadeiro brasão da família Pintos Machados encontra-se actualmente na Casa do Outeiro. Terá sido para ali levado no século XVIII, quando se deu o incêndio na Casa da Torre.
A Casa da Torre possui no Rio Douro muitas pesqueiras privadas, tais como: Ressolhos, Volta, Bulhos, Brava, Galinheiro, Ilha, Malhão, Fraguil e Savelheira.



Casa da Torre da Lagariça

CASA DA TORRE DA LAGARIÇA
Situa-se este solar na freguesia de S. Cipriano, no meio de uma paisagem agreste mas encantadora.
Esta casa parece ter sido uma Vila Romana, muito cedo se terá tornado solar de nobres, com uma torre senhorial. Trata-se de uma honra medieval.
A casa é caracterizada por uma estrutura muito arcaica na parte mais antiga, onde sobressai a torre medieval que lhe dá o nome, um pequeno jardim a imitar os jardins fidalgos e um grande salão de festas palaciano.
Devidamente integrado com a natureza que o rodeia, o palácio foi classificado “imóvel de interesse público” por decreto de 29 de Setembro de 1977.
A esposa e os filhos de Gonçalo Cochofel, seus actuais proprietários procederam muito recentemente a algumas obras de restauro.
Deve ter sido nesta casa que Eça de Queirós escolheu o ambiente de solidão e concentração para se inspirar no romance da “Ilustre Casa de Ramires”. Por esse motivo a casa ficou conhecida por ser a “Ilustre Casa de Ramires”.
Está associada à Casa da Torre da Lagariça uma lenda relacionada com a presença de um rei Mouro, que tinha o seu Paço na vizinha freguesia de Ramires, do concelho de Cinfães. Tudo isto não passa de uma lenda, porque tudo indica que o rei Ramiro não era Mouro, mas sim, cristão.
A casa possui uma guarita de vigia. Na torre existe uma mísula/mata-cães com orifício por onde era deitado azeite a ferver, quando eram atacados pelo inimigo.
Pelos dados recolhidos no “Livro de Tombo da Casa do Paço de Resende”, a Casa da Torre da Lagariça possuía no século XVIII diversos nasceiros no Rio Douro, onde eram pescadas as lampreias e depois transportadas para o tanque das lampreias, ainda hoje ali existente e abastecido por nascentes de água de rica qualidade.
Na parte mais recente do solar, na parede do lado norte, podemos encontrar o brasão dos antigos senhores da casa, com as armas dos Pintos.